28/11/2023

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Ontem, trinta e oito.

Em cerca de 400 km feitos sozinho, muitos pensamentos me passaram pela cabeça, especialmente a ouvir música. 

Pensei em algo para escrever, em que me surgiu uma memória sobre uma pergunta que a S. me fez talvez há 15 anos: "Onde é que te vês daqui a 5 anos?"  Não fazia ideia o que responder. Se me perguntarem hoje, vou ficar sem saber o que responder. Não que não tenha objectivos, que não queira coisas... Mas a vida dá tantas voltas que sempre me pareceu descabido fazer planos a longo prazo. Já na altura tinha a noção que hoje vamos neste rumo, amanhã vamos noutro. Cedo aprendi a viver no momento e a aproveitar o hoje de forma mais intensa porque o amanhã nunca está garantido. Actualmente volto ao mesmo estado de espírito, a valorizar o momento, a viver o momento, a ser honesto sobre o que sinto, mas a ser menos comedido do que no passado, algo que pode ser demasiado para o mundo actual. 

Daqui a 5 anos não faço a mais pálida ideia onde vou estar, nem do que quero. Aliás, sei que quero continuar a ser a pessoa que sou hoje, onde sinto que não tenho nada a provar a ninguém, especialmente a mim, porque durante muito tempo tive dúvidas sobre se seria bom companheiro, depois sobre seria bom pai. 

Quanto ao dia em si, fui buscar as minhas meninas à escola, fomos almoçar junto ao mar, caminhámos um bocadinho, dei-lhes banho, penteei-as, lanchámos, acendi o recuperador, meti um cobertor no chão para vermos um filme com pipocas. O meu dia foi, de facto, dedicado a elas, mas quem me conhece sabe que isso é como um dia dedicado a mim.