25/09/2023

Uma questão de tempo

Hoje em dia sou uma pessoa segura. Não acerca do exterior, isso não sei se alguma vez serei, mas tornei-me muito seguro em relação ao que sou no interior. 

Sempre fui um bocado inseguro, sempre achei que não seria bom o suficiente. Talvez por isso eu tente sempre ser boa pessoa, que aja sempre como se a minha consciência me estivesse a ver. Olhando para trás, questiono-me se isso poderá ter feito com que o meu Eu verdadeiro não se manifestasse, por querer ser algo que não sou, por querer agradar. 

Mas não. Sinto bem como sou, como sempre fui, a tentar sempre ajudar quando posso, a pensar nos outros primeiro, a tê-los em conta nas minhas acções, a tentar arranjar soluções para problemas, a ter sempre um ombro disponível, uma palavra amiga ou a fazer quilómetros. Ninguém é perfeito, isto foi um crescimento contínuo da minha essência que faz de mim o homem que sou hoje, o Pai que sou e o exemplo que quero ser para as minhas filhas. 

Noutra publicação falei acerca da vontade de partir. Era uma vontade que vinha e ia, uma ideia nada concreta. Acontece que a ideia ganhou força, foi-se sedimentando e levou-me equacionar seriamente essa possibilidade, a pesquisar possíveis ganhos e custos, a ponderar todos os impactos positivos e negativos, em mim e nos meus. E neste momento, parece-me que será uma questão de tempo até que isso se torne realidade. 

Vários factores terão que se alinhar, é certo, mas nada de impossível. Terá que abrir vaga no país de destino, dentro da organização onde já estou; terão que me aprovar a mobilidade para que possa sair, ambos os mais determinantes. 

E elas? Elas são o factor determinante da minha decisão. Eu não tenho dúvidas que elas estão bem com a mãe, que é boa mãe, boa pessoa e que as ama tanto quanto eu. Assim que eu sinta que elas lidam melhor com a minha ausência e com o facto de me verem em fins-de-semana alternados, tomarei essa decisão. Aliás, sinto que a decisão já está tomada, apenas aguardo para ter a certeza que a estabilidade emocional delas está, tanto quanto possível, garantida. 

E como alguém me disse, "não te estarias a mudar para a Austrália".